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Autor:
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Leon Hirszman, Nicolás Echevarría, Luis Alberto Lamata, Albertina Carri
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Editora:
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Aeroplano
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Páginas: | 264 | | Ano: | 2004 | |
Cinema (a frase aparece em História(s) do cinema / Histoire(s) du Cinéma, escrita sobre uma foto de Pasolini, repetida pela voz de Godard): "cinema: um pensamento que forma uma forma que pensa". Memória (a observação foi feita no encontro depois da projeção de Elogio do amor /Éloge de l'amour no festival de Cannes, em maio de 2002): "quando filmamos uma paisagem que apreciamos, lembramos; fazemos uma citação: uma casa, uma árvore, uma cidade. Tudo no cinema é uma questão de memória" - disse Godard. Por isso mesmo, a certa altura de seu filme um personagem nos diz que "sem memória não há resistência"; e que: "quando penso em alguma coisa na realidade penso em outra coisa. Só podemos pensar uma coisa se pensamos em outra coisa. Memória, por exemplo: vejo uma paisagem, nova para mim; mas ela é nova para mim porque eu a comparo em pensamento com uma outra paisagem que conheci antes". História (a frase aparece em História(s) do cinema, escrita sobre o rosto de Godard): "fazer uma descrição precisa do que ainda não aconteceu: este é o trabalho do historiador". A voz do diretor acrescenta que foi pelo cinema que ele tomou consciência de si, que se deu conta da relação entre sua história pessoal e a História; diz que o cinema começou a contar histórias antes de existir como história; que o cinema é a única maneira que ele conhece de contar suas histórias, e que, enquanto historia, ele não existiria se não existisse o cinema.
Identidade: "infância da arte", "abrigo do tempo", o cinema (ainda em História(s) do Cinema) é "uma questão do século dezenove que só se resolveu no século vinte; com Manet começa a pintura moderna, quer dizer: o cinematógrafo; quer dizer: uma forma que caminha na direção da palavra; bem precisamente: formar uma forma que pensa. Logo será esquecido que o cinema foi inventado antes de mais nada para pensar - mas esta é uma outra história. Os filmes se transformaram em mercadorias e, como eu disse uma vez a Langlois, é preciso queimar os filmes - mas atenção: com o fogo interior; matéria e memória, a arte é como o incêndio que nasce do que se queima".
Cinema, memória, história, identidade: quando pensamos numa coisa, na realidade pensamos na outra coisa: recompor o passado é tornar possível o futuro, como sublinha uma das citações que compõe Nossa música / Notre musique, lançado no Festival de Cannes em maio último. As questões resumidas nestas citações tiradas de filmes de Jean-Luc Godard atravessam os textos reunidos neste volume. Na realidade, mais amplamente, o cinema tem sido um espaço privilegiado para discutir história, memória e identidade porque ele mesmo enquanto forma (que pensa) questiona sua identidade ("nem uma arte nem uma técnica: um mistério"): herdeiro da fotografia, "sempre quis ser mais verdadeiro que a vida". A rigor nem tem ainda uma história ("o teatro é algo bem conhecido, o cinema é até aqui uma coisa muito desconhecida"). Não tem história, mas vive de forma intensa a história da arte. "a tentativa desesperada de criar o imperecível com coisas perecíveis - palavras, sons, pedras, cores - para que o espaço organizado pela forma, (pelo pensa-mento), dure para sempre". (Sinopse: 2001 Vídeo)
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