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Autor:
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Ilma Esperanca Assis Santana
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Editora:
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UNESP
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Páginas: | 174 | | Ano: | 1994 | | Temas: | História do Cinema, Política | | ISBN: | 8571390541 | |
Este livro de Ima Esperança de Assis Santana é de enorme interesse não apenas para o cinéfilo mas também para o interessado na experiência cultural alemã da República de Weimar. Ao analisar as relações entre cinema e política às vésperas da tomada de poder pelos nazistas, a autora focaliza um segmento do cinema alemão menos conhecido do público brasileiro: filmes ligados aso partidos políticos, em especial o Partido Comunista, com destaque para A Viagem de Mãe Krause para a felicidade (1929), de Phil Jutzi, e Kuhle Vampe (1932), dirigido por S. Dudow com roteiro de Bertold Brecht. Em oposição a um enfoque mais panorâmico, a tônica deste livro é a análise cuidadosa das duas obras escolhidas, feita de modo a caracterizar muito bem sua representação do momento político e suas estratégias de construção ficcional na lida com seus temas centrais: o desemprego, as condições de vida da classe operária, suas formas de organização. O procedimento chave do livro é a comparação dos dois filmes citados - com um excursus sobre Berlin Alexanderplatz (1931), de Phil Jutzi. Na comparação, Ilma Esperança ressalta a diferença entre os métodos de representação adotados nos dois filmes, sobreposta à semelhança das situações abordadas. O debate alemão sobre o sentido das formas no cotejo arte-política aparece aqui em estado prático, na confrontação de estilos: o drama realista - mais propriamente o melodrama - presente em Mutter Krause e o tipo de montagem encontrado no filme de Dudow-Brecht.
Centrados nos filmes, o livro não deixa de apresentar o leque mais amplo das questões de época, ciente de que, para tanto, o leitor brasileiro já tem disponível uma biografia específica, inclusive no tocante ao debate mais célebre daquela conjuntura, envolvendo figuras como Lukács, Brecht e Bloch em torno da produção cultural alemã, o expressionismo e as alternativas criadas nos anos 20. A contribuição original deste livro se dá, portanto, pela escolha do exame dos filmes, descartada a idéia de uma resenha a mais em torno dos debates teóricos. Considerados os clássicos estudos sobre o cinema da época, o diálogo maior é com Kracauer, cuja visão do período se consolidou no livro De Caligari a Hitler, escrito no pós-guerra.
A leitura de Kracauer e, principalmente, de Lotte Eisner nos familiarizou melhor com o expressionismo na tônica de Caligari, ou com o trabalho de Fritz Lang e Murnau, dentro da rica experiência alemã de 1919-1932; por outro lado, livros e retrospectivas nos têm permitido acompanhar as tendências desse renascimento que foi o Novo Cinema Alemão dos anos 60-70. Neste contexto, o livro de Ilma Esperança interessa de forma especial para a discussão de Fassbinder, este notável cineasta que fez convergir questões aqui trabalhadas, dada a sua original relação com os gêneros dramáticos e a política, incluída a referência a Brecht, e o fato de ter retomado os dois filmes a felicidade (1975) e na séria de televisão (1980) que adaptou o Berlin Alexanderplatz do escritor Alfred Doblin. (Sinopse: 2001 Vídeo)
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